sábado, 23 de maio de 2009

O DESAFIO QUASE INSUPORTÁVEL DE CONHECER O OUTRO...

Contar minhas experiências aqui no Blog não é coisa que faço com muita freqüência... Fiz o Blog para divulgar e criticar o cinema negro. Mas a partir do momento que minhas experiências transitam também pelo mundo da sétima arte e me provocam (adoro provocações!) trago elas para este espaço sem nenhum problema.
Bem, participei recentemente, como organizador, de um evento de cinema Queer, como sou professor e gosto de levar meus alunos para um encontro com a diversidade fiz uma das aulas neste festival. Pense nisso: Alunos heterossexuais em uma sala onde seria exibido um filme com temática homossexual, acompanhados de lésbicas, gays e transexuais... Diversidade pura! No começo tudo de bom, apresentações primeiras, aplausos, tudo ocorrendo normalmente. A sessão começou, a película que estava sendo exibida , um capitulo da serie lésbica The L World, burburinhos na platéia, uma cena de sexo aqui, um beijo entre duas mulheres acolá, depois uma conversa sobre lésbicas que querem ter um filho, mais burburinhos na sessão. E o filme acaba. Mais aplausos, mais explicações, há um debate e pronto. Chegamos ao fim com aparente sucesso do evento.
Nos dias seguintes um feed back com os alunos foi feito. O que eles tinham achado, qual a opinião deles e a pergunta principal se eles queriam continuar vindo para as sessões seguintes. A resposta foi certeira: NÃO!
Por que não? Por que a serie era pornográfica? Por que o capitulo era ruim? por que o texto era chulo? Por que? Exemplificando melhor segundo um dos alunos da turma “Aquilo não faz parte do meu mundo!”... Encontrei a resposta. Era um “outro mundo” e este outro mundo ofendia a moral e os ensinamentos que tiveram. Curioso não como um filme (mais precisamente um capitulo de uma série lésbica) com menos de uma hora e meia machucava tanto uma identidade aparentemente tão forte quanto a identidade heterossexual.
O mundo apresentado, que diziam não ter nada haver ao deles, diferia por ser o mundo do outro. Tinha um monte coisas no fundo dessa questão e das falas dos alunos: Primeiro, o mundo homossexual estava aparecendo sem querer ser tolerado ou aceito, estava dizendo EU EXISTO independente de você querer ou não, outro fator é que a série mostra as lésbicas como pessoas normais que lutam para ter dignidade e querem ser felizes como todos nós. Querem mais fatores? As lésbicas da série são iguais em nível de feminilidade as meninas da platéia, ou seja, o mito de que toda lésbica é masculinizada ou mais precisamente ‘diferente de mim’ é testado e apagado. Sendo mais explicito; o diferente, apensar de ser díspar pode não ser tão distante assim. Quando vemos que o outro não se pinta como coitadinho, uma vitima em potencial e que ele(a) vive independente do olhar do dito dominante isto choca. Não existe um algoz temido, mas uma pratica que é combatida diariamente de varias formasse que estas pessoas também vivem desejos, angustias, alegrias que são próprias também do nosso mundo.
Mas o que o mundo lésbico apresentado tem haver com o nosso blog? Sim tem haver! Estou falando de diversidade e falar dela, palavrinha tão simples, é algo extremamente difícil e dolorido, pois prova para você que não é o centro do universo e as praticas que tem em maio a sociedade nem todo mundo compartilha da mesma idéia. E reconhecer os universos distintos da nossa sociedade é um desafio e tanto. Uma receita que para sair no ponto certo precisa de entrega, auto conhecimento, disponibilidade e humildade. E reconhecer também que conceitos formulados como racismo, machismo, heterossexualismo dentre outros são aprendidos e também podem ser problematizados com um bom esforço.
No caso dos meus alunos a resposta inicial foi não. Um bom e sonoro NÃO. Avaliou-se a possibilidade deles não participarem mais do projeto, mas depois com o tempo verificamos que estávamos fazendo cidadania! Não dependia somente do querer ou não. O filme não estava sendo passado por passar somente. Tinha um propósito, haveria debate logo depois. Nem todo mundo gosta de matemática, mas mesmo assim sabemos que ela é imprescindível para a construção de um bom profissional, mesmo que ele quase nunca utilize a matemática como eu que sou da área de historia. Com os alunos era a mesma coisa... Nem todo mundo gostaria de conhecer o outro e se debater retirando a linha tênue que separa brancos e negros, heteros e homos, mulheres e homens etc, mas é preciso conhecer o outro suas angustias e alegrias. E estava fazendo minha parte. E trabalhando contra a homofobia estava trabalhando contra o racismo, o machismo... o seu, o deles e o de toda humanidade...


sexta-feira, 22 de maio de 2009

Insatisfeito!

O novo filme de Spike Lee já, e há muito tempo, chegou aos cinemas brasileiros. Tem umas três semanas que o filme aportou nas telonas brazucas... Mas nada do filme chegar aqui na Bahia. Saiu criticas em revistas, em sites, até no you tube tem critico comentando. Algumas criticas são favoráveis, outras esculhambam o filme de cabo a rabo... Mas eu quero ver o filme e tirar minhas próprias conclusões. Até hoje, semana após semana espero o filme chegar aqui em Salvador. Nada ainda. Espero que saia nos cinemas e não somente aporte aqui em DVD.